NOTURNO COTURNO DE CINCO ESTRELAS noite escura de poucas estrelas não mais que cinco estrelas de pouco brilho que patenteavam traição noite escura de muitos ruídos tiros aviões tanques pesados coturnos em marcha noite escura verde escura verde oliva saliva vermelho-sangue noite de pesadelos bofetada maricota pau de arara passeio arrastado por jipe medo sólido que alastrava onde heróis viravam criminosos e criminosos eram a voz do Brasil noite insone que assolou a nação com mortos insepultos noite que ainda assusta porque infinda porque seus mistérios ainda são e seus monstros ainda habitam porões onde a luz não entra e a escuridão se pretende eterna como estrelas de mentira Porto Alegre, 31 de março de 2014 Renato de Mattos Motta
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