Escrito e dirigido pelo curdo-iraniano Bahman Ghobadi, Exílio no Iraque (2002), seguiu-se ao penoso Tempo de Cavalos Bêbados e, assim como o seu predecessor, aborda a difícil vida do povo curdo na fronteira entre Irã e Iraque durante os ataques empreendidos por Saddam Hussein, um ano antes da invasão dos Estados Unidos à região. Embora aborde a problemática vida do 3º maior grupo étnico do mundo sem um Estado próprio (os dois primeiros são os Tâmeis e os Sindis, também na Ásia), o filme não se se fecha apenas no “problema curdo”. A perseguição, as péssimas condições de vida e a tentativa de fixar raízes em uma terra ou exercer uma identidade cultural são ações postas de tal forma que podem ser expressões de qualquer nação sem Estado, qualquer povo forçado a se deslocar constantemente para não morrer em bombardeios, qualquer povo explorado ou oprimido por ser, no lugar onde estão, uma minoria (e só para constar, os Palestinos são o 7º lugar dessa lista). Diferente de Tempo de Cavalos Bêbados ou de Tartarugas Podem Voar, Exílio no Iraque é um tipo de história de amor em meio à guerra, uma forma menos agressiva e mais passional de abordar a questão. Talvez impulsionado pela recepção positiva (embora polêmica) de seu primeiro longa, Ghobadi tenha colocado um número bem maior de elementos culturais de seu povo no filme, denunciando e analisando através da música, da guerra e da histeria dos indivíduos uma realidade geopolítica de nosso tempo. Aqui fica clara a influência de Emir Kusturica sobre o diretor, também seria percebida em Antes da Lua Cheia (2006) e Ninguém Sabe dos Gatos Persas (2009).
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