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A agitao com as ligas camponeses parecia coisa mgica, lembra Inz Olud, poeta e artista plstica

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“Era uma região muito pobre, o sertão de Pernambuco. Os pobres eram enterrados em redes, jogavam o corpo numa vala e levavam a rede de volta. Até isso as Ligas Camponeses conseguiram que fosse mudado. Para a gente, era como se fosse uma coisa de outro mundo, melhorar a vida do caboclo. A magia da resistência.” Assim conta a poeta e artista plástica Inêz Oludé em entrevista ao TUTAMÉIA. Com onze anos no dia do golpe militar de 1964, ela viu o Exército ocupar sua cidade, Sertânia. Os militares prenderam “seu” Nigro, militante comunista que era uma espécie de guru para a juventude, e fizeram o interrogatório em praça pública. Pessoas ligadas às Ligas Camponeses foram perseguidas, assim como os irmãos mais velhos de Oludé, que participavam do movimento estudantil. “Na época da ditadura, a miséria era terrível. Muita miséria, muita repressão, muito sofrimento. Minha família era de militantes. Minha mãe, no dia do golpe, juntou uns livros, papéis, embrulhou tudo junto e jogou num cacimbão, um poço. Deve estar lá até hoje.” A família se mudou para Recife, onde Oludé chegou na época dos protestos contra o assassinato de padre Henrique, que atuava com dom Hélder Câmara e foi sequestrado, torturado e morto por um grupo do Comando de Caça aos Comunistas e por agentes da polícia civil de Pernambuco. “A ditadura não conseguiu nos calar. Nós combatíamos a ditadura, enfrentávamos o perigo”, conta ela, que teve o companheiro da época preso e torturado. Mais tarde, os dois partiram para o exílio, primeiro no Chile, onde chegaram meses antes do golpe militar, e depois na Argentina, onde ela acabou presa. Expulsa, foi acolhida na Bélgica, onde vive até hoje. Lá desenvolve sua produção poética e seus trabalhos como artista plástica e ativista política. É uma das fundadoras da coalizão de artistas da Unesco pela difusão da história da geral da África e diretora do Museu-Valise da história da escravidão, parceiro da ONU-UNESCO no âmbito da Década Internacional de Afrodescendentes. Ela diz: “O golpe militar de 64, eu vi com os olhos da minha cidade. Eu vi o medo, a dor, o sofrimento. Sessenta anos depois, eu vejo tudo isso na lembrança e penso nas pessoas que não vivem mais, nos que se foram. Então que possamos honrar aqueles que se foram, que possam seguir lutando por um futuro em que todos tenham chance. Que a história nos ensine a nunca esquecer e a construir um amanhã em que todos possam ter orgulho de nossa história, ter orgulho do que fizemos e do que vamos fazer. Porque vamos fazer. Vamos continuar na luta”. O depoimento integra uma série de entrevistas sobre o golpe militar de 1964, que está completando sessenta anos. Com o mote “O que eu vi no dia do golpe”, TUTAMÉIA publica neste mês de março mais de duas dezenas de vídeos com personagens que vivenciaram aquele momento, como Almino Affonso, João Vicente Goulart, Anita Prestes, Frei Betto, Roberto Requião, Djalma Bom, Luiz Felipe de Alencastro, Ladislau Dowbor, José Genoíno, Roberto Amaral, Guilherme Estrella, Sérgio Ferro e Rose Nogueira. Inscreva-se no TUTAMÉIA TV e visite o site TUTAMÉIA, , serviço jornalístico criado por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena. Acesse este link para entrar no grupo AMIG@S DO TUTAMÉIA, exclusivo para divulgação e distribuição de nossa produção jornalística:

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