Itália, anos trinta. Um prostíbulo de luxo, a “maison” de madame Aïda, local destinado ao mercado da carne humana. É o lugar dos sonhos proibidos, do comércio, da baixeza, do Eros comercializado, dos prazeres, da solidão, da fingida alegria e do desespero, da escravidão e daquela meia hora de amor travestido de paraíso que consola o inferno de tantas criaturas. Este espaço metafórico, amargo, desmistificante, grotesco, é de alguma forma a própria Itália, com suas tantas almas, com suas diferentes culturas, com suas diversas linguagens. Neste “bordel” se cruzam os destinos de Salomé, anarquista vingadora de Anteo Zamboni, seu noivo, morto injustamente por uma multidão enfurecida; de Tonino, o ingênuo camponês lombardo vingador de Michele Sgaravento, grande amigo; e de Tripolina, a menina acabada no lupanar, mesmo ela deseja de alguma forma vingar um pai morto sem glória na guerra. Três vinganças de seres impuros, tomados pela dor. Na comédia de Wertmüller, se entrelaçam o amor e os sonhos utópicos de três personagens, num contexto onde a Itália rural é deixada à margem dos eventos históricos que estavam se realizando. Uma Itália dos humildes, dos sacrificados, dos sem trabalho, da “carne marcada”, com o sonho de uma nova realidade onde “os homens são iguais e livres como Deus os criou” a frase de Michele Sgaravento guardada na lembrança de Tonino menino.
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