É impossível não notar, mas muita gente escolhe ignorar a manifestação mais explícita da fome nos centros urbanos do país. Ela está nos semáforos e nas esquinas, debaixo de marquises e viadutos, expressa em cartazes que alardeiam a miséria alimentar e nos pedidos insistentes de um trocado para comprar comida. Num semáforo dos arredores do campus da Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste da capital paulista, o pernambucano Tiago Guimarães espera a luz vermelha e a parada dos carros para abordar motoristas em busca de uma moeda ou de algum alimento. “Tem gente que ajuda, tem gente que ignora“, conta o ajudante de obras nascido em Cabrobó (PE), que precisou abandonar o emprego para cuidar dos dois filhos, de seis e dois anos de idade, depois que foi abandonado pela esposa. Pedir ajuda nos semáforos da região foi a forma que encontrou para garantir a alimentação dos filhos, entre um bico e outro. Ao final da jornada, ele exibiu à Folha o saldo do dia: uma moeda de R$1 e outras poucas de menor valor, um saco de arroz e outro de feijão. “Num dia ruim, eu não ganho nada. E, quando ganho, tudo é para ajudar a minha família.“ (Fernanda Mena) Assine a TV Folha Leia mais na Folha Instagram
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