GIUSEPPE VERDI (1813-1901) AÍDA Em 24 de dezembro de 1871 estreou no Cairo a ópera “Aída“ de Giuseppe Verdi. Encomendada para a inauguração do Canal de Suez, ela só ficou pronta dois anos depois. Os descobrimentos arqueológicos nas terras banhadas pelo rio Nilo, no final do século 19, desencadearam uma espécie de egiptomania na Europa. Esse fascínio pelo país dos faraós encontrou sua apoteose musical na ópera Aída. Nessa época, crescia também a influência europeia no Egito, marcada pela construção do Canal de Suez. Em 1869, Ismael Pasha, vice-rei egípcio, encarregou o egiptólogo Auguste Mariette de encomendar a Giuseppe Verdi a composição de uma ópera para a inauguração do Teatro Real do Cairo durante as festividades de abertura do canal. Verdi, porém, não entregou a ópera no prazo previsto (Pasha contentou-se com uma apresentação de Rigoletto) e o mundo teve que esperar até o Natal de 1871 pela obra monumental do compositor italiano. A trama se desenrola no antigo Egito, tendo como personagem-título uma escrava etíope que serve à filha do faraó, Amneris. Aída apaixona-se pelo jovem guerreiro Radamés, comandante dos exércitos do pai da escrava, que promete resgatá-la do cativeiro. Por suas proezas de guerra, Radamés conquista a mão de Amneris, que vê uma rival em Aída. Ao revelar, acidentalmente, um segredo militar, Radamés é acusado de traição e condenado a ser enterrado vivo, sem que Amneris possa impedir a execução da pena. Aída, que supostamente teria escapado com seu pai, surge das sombras da câmara mortuária de Radamés para compartilhar seu triste destino. Assim, um drama que poderia ter um tom nacionalista transformou-se na história dos amantes que, acima de todas as paixões, têm a sina de perpetuar seu amor, ao compartilhar a passagem ao mundo dos mortos. A ópera baseou-se num texto do próprio Mariette, reescrito por Camille Du Locle e transformado em libreto pelo italiano Antonio Ghislanzoni. Ajustada à estrutura tradicional da época, em quatro atos, Aída não é uma epopéia dos feitos militares do Egito. Apesar dos cenários grandiosos e triunfais, a obra conserva também um caráter íntimo, ao falar do indivíduo e de suas paixões. A estréia no Cairo já estava prevista para janeiro de 1871, mas foi impedida por conflitos internacionais. Como a França estava em guerra com a Prússia, os figurinos e cenários, produzidos na Paris sitiada, demoraram quase um ano para chegar à capital egípcia. Apesar do atraso, Aída teve uma excelente repercussão junto ao público e à crítica. Em 1872, foi levada para Milão, iniciando um triunfo que dura até hoje. A apresentação que assistimos neste vídeo ocorreu em 1985 no Teatro Alla Scala de Milão, e tem no elenco Luciano Pavarotti, Maria Chiara, Ghena Dimitrova e Nicolai Ghiaurov. A regência é de Lorin Maazel.
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